domingo, 27 de fevereiro de 2011

Lucia da Nessuna Parte


(Nat Dessay, como protagonista de Lucia di Lammermoor - Met opera House, Fevereiro de 2011)

Em 2007, quando a fabulosa Nat Dessay estreou a Lucia concebida por Mary Zimmerman - a partir de Donizetti, evidentemente -, o mundo parou. Doravante, muitas das mais célebres spinto vestiram a pele desta mesma Lucia: a bela e lasciva Netrebko e a pueril Damrau foram, porventura, as mais destacadas.

Dessay será a mais lírica de todas. É uma comédienne impressionante e a sua coloratura - Rainha da Noite, Zerbinetta e Amina, por exemplo - ressuscitam os mortos...

Contudo, apesar de oleada nesta personagem suma do belcanto, nesta reprise, nem tudo foram rosas, particularmente no tocante à interpretação!


In this revival of Mary Zimmerman’s grayly atmospheric production, there is an empty space where Lucia ought to be. Not that there’s not a soprano onstage, and a redoubtable one, in Ms. Dessay, returning to the company after a two-year absence. Her cool voice has thinned a bit, but it still impresses in coloratura and rises to the score’s climactic moments. The issue is not the voice so much as what that voice should serve: the character.

Ms. Dessay and Ms. Zimmerman have clearly, carefully considered every motion (the soprano’s physical performance Thursday was essentially identical to the one she gave in 2007, when the production was new) and the result is a Lucia almost entirely blank. The main consideration seems to have been avoiding going over the top, being too “operatic.” But in this version, Lucia — that supremely expressive Romantic character, the one who weeps, swoons, trembles and is often, as the libretto describes, simply “beside herself with misery and fear” in a work dominated by passions and blood — is so internal that the audience perceives her only as indifferent and detached.



Os génios também escorregam, estampando-se... Melhores dias virão!
Bon courrage, chère Nat !

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Nixon arrives at the Met!


(Nixon in China - Met Opera House, Fevereiro de 2011)

Parto, apressado, para o Met, provisoriamente instalado no Ministério da Cultura, à Avenida de Berna. Nixon in China, esta tarde - 18 horas, hora local.

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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Met 2010 / 2011




O mundo lírico anda a reboque do Met, desde há décadas. Não há volta a dar!
Eis o soberbo programa da próxima temporada do Met Opera House, a que nenhum teatro lírico chega aos calcanhares!

ps só para que conste, Elisabete Matos - a GRANDE - alterna o papel de Abigaíl com a insuportável Guleghina, que há anos devia ter pedido a reforma antecipada! Mais? A temporada abre com Anna Bolena... interpretada por Netrebko! WHAT ELSE?

QUEM FOI QUE DISSE QUE NÃO VOLTAVA A NYC NOS PRÓXIMOS 3 ANOS?????

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Black Swan



O Cisne Negro contém dois pontos importantes: uma interessantíssima interpretação (Natalie Portman) e uma fina caracterização da psicose, de instalação insidiosa, tanto na linha descritiva – alucinação (particularmente as psico-sensoriais, retratadas com génio!) , delírio e dissociação -, com na compreensiva – clivagem (do self e objecto), projecção e mau objecto persecutório.

O estilo relacional materno, altamente persecutório, marcado pela extrema intrusividade / ausência de barreiras e limites dentro / fora, contribui eficazmente para uma tese explicativa da perturbação da bailarina. A fusionalidade – matriz da relação de objecto mãe / filha -, patologicamente fixada e instituída, está prodigiosamente retratada.

Em síntese, diria tratar-se de uma soberba ilustração da fractura psicótica.

O resto, pouco acima está da banalidade. Apesar do clima de tensão que se instala, que prova a consistência d'a coisa, a trama está cravada de previsões e alguns clichés.

Como a pastilha elástica: degustar e deitar fora, sem hesitações.

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(3/5)

sábado, 12 de fevereiro de 2011

News from Heaven!!! Ossia: Disse-me um passarinho...






Para breve, a maturidade dos colossos!

ps advirto que a Armida - a que assisti, muito ensonado - apenas merece a nossa atenção pela beleza da encenação e Brownlee...

Nixon in China



(Nixon in China - Met Opera House, Fevereiro de 2011)

Mais de vinte anos volvidos sobre a estreia de Nixon in China (John Adams), eis que o Met estreia a obra, a partir da encenação original de Peter Sellars, que a English National Opera lhe encomendara.

Step by step, o minimalismo vai-se impregnando na conservadora Met Opera House. Depois de Glass, é agora a vez de Adams ver estreada uma das suas mais célebres peças. Recordo que, em 2008, com enorme sucesso, Dr. Atomic viu a luz do dia na sala nova-iorquina.


Em época de contenção, achei ser de bom tom assistir à récita no Ministério da Cultura, sito à Avenida de Berna. A 19 do corrente mês, lá estarei...