terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Isabel Colbran - II, ossia Joyce Colbran, for sure!

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Isabella Colbran (1785-1845) foi uma ilustre cantora lírica de inícios do século XIX. À época, a fogosa espanhola era A prima Donna do San Carlo, em Nápoles. Rossini não resistiu aos múltiplos encantos, artísticos e carnais, da espanhola, célebre pelas três oitavas de extensão vocal e magistral talento dramático.

(retrato de Isabella Colbran)

Rossini escreveu algumas das mais célebres óperas sérias para, justamente, La Colbran - Elisabetta, regina d’Inghilterra (1815), Otello ( 1816 ), Armida (1817), Mosè in Egitto, Ricciardo e Zoraide (1818), Ermione, La donna del lago (1819), Maometto II (1820), Zelmira (1822) e Semiramide (1823).

O presente registo constitui uma homenagem à grande Isabella Colbran. Refira-se que, em inícios dos anos 1990, a também imensa Cecilia Bartoli decidiu homenagear a diva espanhola - como aqui referi. À época, o registo de Bartoli fez história, constituindo a mais extraordinária colectânea de árias rossinianas sérias de que há memória.

Perto de vinte anos volvidos sobre o superlativo Rossini Heroines, eis o contributo de Joyce Didonato para a revitalização do repertório rossiniano sério.

Didonato é o maior mezzo ligeiro vivo, em plena ascendência. O seu trabalho consagrado a Handel é triunfal, pela disciplina, bravura e graciosidade. Joyce Didonato é, de igual modo, a mais destacada rossiniana da actualidade, particularmente requisitada pela cena lírica internacional. As suas Rosina e Angelina são absolutamente modelares. Deus a conserve, fresca e hábil, por muitos e bons anos, para que (entre outras) revisite a A Italiana e Fiorilla, de O Turco em Itália!

A grande intérprete americana brinda-nos, por via deste registo, com uma bravura heróica e despudorada, assente numa técnica infalível, sem mácula alguma. Respira com uma mestria impressionante e afronta o desafio sem temor nem subterfúgio. O timbre é amplamente colorido e a agilidade pirotécnica.

Como pérolas sumas deste trabalho destaco Armida (de sonho) – dilacerada e inflamada -, a majestosa Elisabetta e, sobretudo, a Elena rejubilante, porventura a mais incandescente que alguma vez conheci.

Para a história, indubitavelmente.

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(6/5)

5 comentários:

Hugo Santos disse...

Faço minhas as suas palavras, caro João. Assombrosa DiDonato.

portasabertascadeirasaosoco disse...

o conteúdo promete,a avaliar pelas palavras de Dissoluto,estou em pulgas por ouvir...mas a capa do cd.....essa já desfrutei :)

Anónimo disse...

Que é o maior mezzo da actualidade já eu há muito venho a reclamar neste blogue, especialmente quanto compararam o Rondo da Cenerentola dela com o da Bartoli e com o da Kozena. Nessa altura pú-la em primeiro lugar. Depois comecei a ver os videos do youtube e fiquei "passado" -- é esse mesmo o termo que encontro. Agora vivo no "sofrimento" da espera, sem nenhum cd da Di Donnato ao pé de mim - estão noutro sítio -- e a mês e meio de chegar a uma discoteca digna desse nome. Só uma coisa, por favor: quanto custa o cd em Portugal?
Raul

J. Ildefonso. disse...

Acho que cerca de 18 euros no Corte Inglês. Já não me lembro do valor exacto. Agora está esgotado.
Na Fnac ainda não há. O meu cd tem uma falha de impressão e falta-lhe texto. Aconteceu com mais alguém ou é só o meu?
O Corte Inglês também já tem a Bela Moleira do Kaufman.

Ricardo disse...

Está esgotado também no El Corte Inglés de Gaia...