domingo, 21 de junho de 2009

Brilho qb


(RCA 88697318712)

Há uns bons dez anos, Kasarova era um destacadíssimo mezzo ligeiro. Animava Rossini como poucas. A voz era pequenina, mas nervosa, ágil e com uma inequívoca veia buffa.

Com o passar dos anos, Vesselina Kasarova tem vindo a ganhar terreno no domínio mais lírico.

Neste registo handeliano, a intérprete búlgara, totalmente travestida (Ottone, Teseo, Mirtillo, Ariodante e Ruggiero) - ou não fossem as árias deste trabalho criadas para o castrato Carestini -, revela uma profundidade interpretativa inabalável, evidenciando certa insegurança na ornamentação. O timbre – esse – é o de sempre: encorpado, quente, envolvente e assumidamente andrógino.

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(4/5)

1 comentário:

J. Ildefonso. disse...

Quem segue o blog já sabe que gosto muito da Kasarova que já tive a sorte de ver ao vivo duas vezes e cuja gravação dos Montechios e Capuletos acho tratar-se do melhor gravação de Belinni desde os anos 70... não, não me estou a esquecer nem da Bartoli nem da Dessay. A kasarova surgiu aproximadamente no mesmo tempo das carreiras internacionais da Bartoli e da Larmore, agora muito degradada, e exibe uma voz dum timbre muito pessoal tipicamente eslavo com bons graves e agudos penetrantes com uma certa disparidade timbrica entre os extremos que não é para todos os gostos e que se tem vindo a acentuar com o passar do tempo. O domineo da coloraturaéra e continua a ser exemplar. Para além da gravação sugerida destaco também o Tancredi, que não faz esquecer nem a Horne nem a Poddles, a Clemência de Tito em vários dvd's e os albuns de inicio de carreira de Mozart e Rossini especialmente o dos duetos com o Florez. Há também um recital de lied, virtualmente o programa que apresentou em Lisboa que tem tanto de belo como de idiossincrático. Aliás essa peculiaridade da emissão e interpretação têm-se vindo a acentuar e por vezes tem tornado as suas interpretações um pouco afectadas e amaneiradas.
Nos últimos tempos estreou a Carmen, que a avaliar pelos videos do youtube não é memorável, e vai estrear a Marina do Boris Gudonov, creio que a Eboli não estará longe. Não sei até que ponto será um sucesso este novo reportório mas a mudança é urgente porque nos antigos papeis já não exibe as qualidades iniciais e é necessária uma mudança para permanecer no topo dos mezzos internacionais. Eu pessoalmente gostava que explorasse os papeis Rossinianos da Colbran... mas essas óperas também não se fazem hoje mais do que no passado.